Entidades estudantis mobilizaram pela aprovação da medida |
Entidades estudantis mobilizaram pela aprovação da medida
“Reservar recursos do Pré-Sal para a educação é simbólico porque coloca um dinheiro de uma fonte energética finita em algo que se perpetua que é a formação cultural e educacional de um povo. Se os técnicos e pesquisadores brasileiros conseguiram identificar e conseguirão explorar este combustível é de acordo com o empenho de universidades e centros de pesquisa importantes que têm no Brasil. Então trata-se de alimentar um ciclo virtuoso entre educação, tecnologia e trabalho”, disparou Julio Neto, diretor de políticas educacionais da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).
80% engessa investimentos
Sérgio Haddad, da ONG Ação Educativa, também elogiou a decisão do Congresso Nacioal: “evidentemente é uma boa notícia, mas tudo ainda está por vir e me parece muito cedo para este debate e sua concretização”. Mas se revelou “cético” em relação a estabelecer “limites de aplicação entre os diversos níveis de ensino”, avaliando que as necessidades e prioridades mudam. “Quem diria que hoje haveria queda nas matrículas do ensino médio? Ou que há cada vez menos pessoas procurando a carreira de professor?”, indaga Sérgio, “para que se possa perceber o tipo de desafio que podemos enfrentar”.
A opinião da professora Madalena Guasco, coordenadora geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), segue raciocínio parecido: “Devemos discutir sim um percentual do Fundo Social do pré-Sal para a Educação, mas não devemos ter a idéia de investir 80% deste recurso no Ensino Básico, porque a educação é dinâmica. Há momentos em que se precisará investir mais em Educação Básica, como agora, mas há outros em que se deverá priorizar outras áreas da educação, pois os investimentos devem contemplar desde a Educação Superior até a Básica”.
Para se desenvolver, é preciso educar
Os presidentes da UNE e da Ubes pautaram a bandeira do Pré-Sal para a Educação junto ao presidente Lula |
Madalena afirma que ainda não é possível medir o impacto financeiro da medida, mas considera positiva a decisão política de destinar um percentual do Fundo Social do pré-sal para a educação. “Se queremos um país desenvolvido, grande parte do montante dessas verbas do pré-sal devem mesmo ir para a Educação, pois sem educação de qualidade não há desenvolvimento nacional”, afirmou a dirigente sindical.
A declaração mais entusiasmada foi sem dúvida a do presidente da Ubes, Yann Evanovick: “a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Ubes e a ANPG tiveram vitórias significativas no último período. Uma delas foi a derrubada da Desvinculação das Receitas da União (DRU), que retirava 11 bilhões de reais por ano da Educação. A campanha de 50% das verbas do Pré-Sal para Educação foi uma ação de unidade das entidades do movimento estudantil e que se concretizou com o projeto do Senador Inácio Arruda (PCdoB/CE), da Senadora Fátima Cleide (PT/RO) e da Senadora Idely Salvati (PT/SC), além do trabalho do Senador Valadares (PSB/SE), enquanto líder de bancada do seu partido”.
Em defesa dos 80%
Yann criticou o projeto apenas por não prever recursos para Ciência e Tecnologia, mas defendeu a prioridade ao ensino básico: “a medida de destinar 80% destes recursos para a educação básica serve para pagar uma dívida com a educação brasileira, pois aí está o principal gargalo. O ensino médio não cumpre o seu papel, as escolas de ensino fundamental estão com as salas lotadas e professores mal pagos. Esta deve ser uma prioridade, é indispensável a valorização do magistério para garantir que haja formação continuada, capacitação dos professores e, é claro, valorização do salário”.
O presidente da Ubes valorizou a conquista do piso salarial nacional, mas reiterou que os professores continuam sendo mal remunerados. Para ele, outra prioridade deve ser o ensino técnico, cuja linha deve ser de “expansão e interiorização das vagas e institutos”.
Da redação, Luana Bonone
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